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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

01/02/2007

História silenciosa

Como ensinar uma disciplina de conceitos abstratos e invisíveis às pessoas que têm na visão o principal sentido?

Danielle Sanches

Ensinar História não é tarefa amena. Um professor de escola regular já é dominado por uma dúvida crucial: que método adotar para a plena apresentação de um conteúdo tão distante da realidade atual? Com os avanços constantes da informática, os jovens de hoje estão inseridos em uma sociedade de velocidade acelerada, onde a máxima é tempo real. Imagine, então, se os alunos desse professor forem surdos.
Surdos são os indivíduos que têm perda total ou parcial na percepção do som. Mas a impossibilidade de ouvir e de pronunciar palavras sonoramente perfeitas não quer dizer que eles não falem de alguma forma. Existe uma língua, uma linguagem e uma cultura própria que os une – perspectiva que se afasta da expressão “deficiente auditivo”, usada principalmente de forma técnica na área da saúde e, algumas vezes, em textos jurídicos. Esta expressão não reflete as implicações socioculturais que surgem com a surdez.
Os surdos têm, portanto, dois idiomas: o de sinais e o português, considerado uma segunda língua. Assim, o ensino de qualquer disciplina para alunos surdos deve ser realizado por meio do bilingüismo. Ou seja, o professor deve utilizar a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) em sala de aula ou recorrer a um intérprete dessa linguagem para que sua matéria seja plenamente compreendida pelos alunos. A união do português falado com a LIBRAS tem duas vantagens: respeita a cultura e a identidade do aluno surdo ao mesmo tempo em que o insere no ambiente e na língua dos ouvintes. O uso desta linguagem recebe o respaldo da Lei 10.436, de 24/04/2002, que a reconhece como um sistema lingüístico de natureza visomotora, com estrutura gramatical própria, como meio legal de transmissão de idéias e fatos das comunidades de pessoas surdas no Brasil.
A LIBRAS incorporou alguns sinais da Língua Americana de Sinais (EUA) e da Língua Gestual Francesa. Sua gramática não tem preposição, artigo e conjugação verbal, o que exige que o professor tenha sensibilidade para o texto produzido por alunos surdos e conhecimento, mesmo que básico, da primeira língua deles.

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